Olá pessoal,
Estou muito ansiosa e animada porque em Agosto irei
participar do:
É
um evento incrível, onde falcoeiros de mais de 40 países se reunirão para
aprender mais com as incríveis palestras e saídas à campo. É uma oportunidade
incrível para uma iniciante como eu conhecer pessoas que se dedicam a esta arte
em culturas e realidades totalmente distintas da minha. Eu já estou me
preparando para a viagem, comecei pelo meu colete que está quase pronto,
faltando apenas o patch da ANF do qual sou também associada mas que em breve
colocarei.
Mas
o mais importante ao se visitar um país é estudar um pouco dos seus costumes e
tradições. No meu caso a língua espanhola eu já domino, e não é a primeira vez
que visito a Argentina, então o mais interessante seria aprender um pouco sobre
a falcoaria neste país, já que as leis que regem a sua prática são bem
diferentes das do Brasil.
Ganhei
o livro Cetrería em Argentina autografado de um amigo, e já o tinha lido ano
passado, mas como preparação para este evento incrível em Missiones, vou
começar hoje uma série de posts sobre este livro, do autor Enrique A. Gómez.
¡Vámanos entonces!
Enrique A. Gómez
Empezando
Lic.Daniel
Abarquero, presidente da associação argentina de falcoaria, no prologo deste livro destaca como aprender
sem um conhecimento teórico leva a muitos problemas e dificuldades, inclusive à
perda de aves.
“(...)creo
que este es el sentidode esta hermosa obra, lograr rientar las pasiones de los
nuevoscetreros por el camino correcto(aunque em Cetrería todavia todos los
estamos aprendiendo), llenar un enorme hueco en la literatura argentina y para
los más viejos enorgullecernos del camino recurrido y alentarnos a seguir
adelante”. (p.7)
A
proposta do autor é realmente esta, ser um guia para os iniciantes e contribuir
com sua experiência e estudos para os novos interessados nesta arte.
Cetrería pré
hispánica?
Antes
da chegada dos Espanhóis na Argentina a cetrería não era praticada pelos povos
indígenas, porém estes povos já davam uma grande importância as aves de rapina.
Há várias provas desta relação em pinturas rupestres, decorações em cerâmica e
tecidos, lendas e mitos.
O
povo Quechua, no noroeste argentino, davam grande importância religiosa ao
gigante Condor (Vultur-gryphus) denominado por eles de Kúntur e adimiravam a
poderosa águia Mora (Geranoaetus melanoleucus), chamada por eles de Anca.
Os
Mapuches, no sul da Argentina, foram os que mais estudaram as aves de rapina.
Eles conheciam cada uma delas e inclusive deram nomes em sua própria língua
para cada espécie:
El Cóndor
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El Mañque
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El aguila
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El calquin
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El halcón peregrino
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El peicu
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El bicolor
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El peuquito
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El parabuteo
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El peuco
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El halcón aplomado
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El calfuñ
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El aguilucho
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El ñamcu
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Com
a chegada dos Espanhóis a falcoaria foi introduzida na Argentina, já que na
Espanha esta arte florescia e não haviam impedimentos para a sua prática por
aquelas terras.
La Cetrería hoy
O
autor questiona se a falcoaria feita hoje seria a mesma da era Medieval, ou se
esta teria desaparecido com o seu grau de aperfeiçoamento. O autor acredita que
na verdade a falcoaria se transformou e deixou de ser uma arte mundana e de
fácil passatempo, ao não se ter hoje (salvo algumas exceções como os monarcas
árabes ou alguns milionários) equipes de falcoeiros profissionais. Hoje a
falcoaria é um esporte amador e pessoal, mais cientifico, racional e
sacrificante, e que sintetiza a sabedoria ancestral dos antigos falcoeiros. O
falcoeiro hoje não caça pelo valor da presa mas pela beleza do lance.
“(...)
Yo diría que la Cetrería es la más natural y completa forma de caza, y a su vez
es la que más desafío y dificultad presenta. Nos enseña humildad y fortaleza,
nos enaltece el espíritu, alienta el equilibrio y le da al halconero eso que
tan bien definiera Ortega y Gasset en su estudio sobre la Caza como ‘un baño de
Naturaleza’”. (p.20)
O
que nos levaria hoje a buscar a falcoaria? De acordo com o autor a resposta
está no que o falcão nos transmite, com seu porte altivo, íntegro e severo, seu
arisco orgulho e sua decisão implacável. “Esta
forma de cazar, fortalece el cuerpo y el espíritu”, e ainda “Debe el cetrero
estar preparado para enfrentarse a todo, esto lo forma para hacer frente a la
vida misma”. (p.21)
Muitos
são aqueles que se emocionam com o voo de um falcão adestrado voando, mas
poucos são os que estão realmente dispostos aos sacrifícios que criar uma ave
exige. Além de contar com tempo livre e muita paciência para treinar e voar a
sua ave, é necessário aceso ao campo, recursos econômicos para manter a ave, os
equipamentos e instalações adequadas. Se não estiver realmente disposto ou não
tiver todas as condições necessárias, é melhor nem começar.
Cetrería y
ecología
O
autor fala neste capítulo sobre as críticas à falcoaria já que muitos a
consideram como algo cruel, mas argumenta que na realidade a ave de rapina
quando mata para comer apenas faz o que sua natureza a indica, é uma ave
carnívora e com um importante papel na cadeia alimentar e no equilíbrio da
mesma.
“Cuando um halcón selvaje
mata, sólo difere com el entrenado, em que éste há sido adiestrado para tolerar
la compañia del hombre. El cetrero no es el cazador. El ave rapaz no hae outra cosa
que lo que estaría haciendo si
continuara en estado selvaje. Si la Cetrería es criel (o si pudieran decir que
la propria ave rapaz lo es), entonces la Naturaleza también es cruel.” (p. 22)
Outro
argumento do autor é que nesta modalidade de caça não sobram animais feridos no
campo, já que a ave captura a sua presa ou erra o lance, não há perigo para o
homem e em raras ocasiões se mata mais de uma presa por saída ao campo, e por
tanto se pode considerar a falcoaria como o tipo de caça mais ecológico e
natural.
Ele
ainda cita o caso da retirada do falcão peregrino da lista de espécies em risco
de extinção nos Estados Unidos, graças a um projeto de criação em cativeiro e
reintrodução destas aves, que não teria sido possível sem o auxílio de
falcoeiros. Além disso os falcoeiros puderam passar a adquirir suas aves de criadores
autorizados e assim não afetar as populações selvagens das mesmas. O autor
ainda destaca que existem leis na Argentina que regulamentam a caça e que cada
falcoeiro tem uma responsabilidade com o seu grupo.