Hoje vou comentar sobre o texto Conservação de aves no Brasil, dos
autores Miguel Ângelo Marini e Frederico I. Garcia. Departamento
de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Brasília,
70.910-900, DF, Brasil.
É um
artigo muito interessante e que fala sobre a composição e distribuição das aves
brasileiras, o número e distribuição das espécies ameaçadas, as principais
ameaças do presente e do futuro e as iniciativas para conservação e pesquisa.
É
uma leitura importante para compreender a quantidade de espécies de aves no
Brasil, e o enorme número de espécies ameaçadas de extinção. O problema é maior na Mata Atlântica, já que
ela contém 75,6% das espécies ameaçadas e endêmicas do Brasil: “fazendo do
bioma o mais crítico para a conservação de aves no Brasil”.
Segundo
o texto a principal ameaça para as aves brasileiras é a perda e a fragmentação
de habitats, seguida pela captura excessiva. A invasão de espécies exóticas, a
poluição, a perturbação antrópia e a morte acidental, alterações na dinâmica
das espécies nativas, desastres naturais e perseguição são outras ameaças.
O
tráfico internacional de aves e de animais silvestres é uma atividade forte no
Brasil e que ameaça inúmeras espécies, sendo que o texto cita duas espécies
consideradas extintas, em grande parte devido ao tráfico ilegal: Arara azul-pequena
e ararinha azul (cyanopsitta spixii).
De acordo com os dados do texto cerca de 12 milhões de animais são traficados
todos os anos no Brasil.
As
aves que são aprendidas são tratadas e posteriormente devolvidas à natureza,
mas são poucos os programas de translocação bem planejados, de acordo com os
autores:
“A maioria dos espécimes
capturados ilegalmente é libertada em locais impróprios (fora de sua
distribuição geográfica natural) e sem uma avaliação apropriada de seu estado
sanitário, sendo os efeitos dessas solturas desconhecidos.”
A comunidade ornitológica brasileira tem fornecido estrutura e
organização para inúmeras pesquisas, patrocinam encontros anuais desde 1991 e
publica um periódico especializado. O texto cita um dos programas mais bem
sucedidos no Brasil, que é o projeto Arara-azul, criado em 1991 no Pantana.
Um dos maiores desafios segundo os autores para os ornitólogos
brasileiros é a falta de informações básicas das espécies raras e do crescente
número de espécies ameaçadas:
“Nós sabemos quais as espécies
estão ameaçadas, quais são as suas principais ameaças e onde elas devem ser
preservadas. Contudo, faltam informações sobre as novas espécies e sobre a
biologia das espécies descritas tanto recentemente quanto anteriormente. As pesquisas
e as medidas de conservação ainda estão desigualmente distribuídas entre as
regiões e espécies, e as ameaças não estão diminuindo. O Brasil necessita de um
Plano Nacional para a Conservação das Aves que possibilite organizar e definir
as prioridades para as ações de diferentes instituições e profissionais;
definir as necessidades para a pesquisa futura e a capacitação de pessoal;
estabelecer prioridades nacionais para a conservação e manejo das espécies
ameaçadas e áreas importantes para a conservação; e promover políticas publicas
para melhorar a proteção das aves”.
A leitura do texto foi muito rica e trouxe dados preocupantes. Eu
participei do X Ciclo de Palestras sobre
Reabilitação e reintrodução de animais silvestres no Ibama em Belo
Horizonte-MG, em Março de 2015. Nestas palestras pude perceber como o trabalho
de reabilitação e reintrodução é difícil, custoso e nem sempre com resultados
satisfatórios devido à falta de estudos mais detalhados sobre a vida em
ambiente natural de muitas espécies de aves, assim como a falta de recursos
financeiros e de parceiros para que tudo funcione bem.
O mais importante é investir para que a captura dos animais
silvestres diminua, reduzindo a necessidade de reabilitação e reintrodução. Conscientizar
à população sobre o dano ambiental ao se comprar um animal silvestre ilegal é o
passo mais importante, pois tudo começa na educação ambiental. Só poderemos
realmente preservar a nossa riqueza natural se a valorizarmos, e isso deveria
vir de berço, mas como não vem é necessário cada vez mais projetos de educação
ambiental nas escolas para que as futuras gerações preservem os recursos que
ainda existirem, e tentar enquanto isso salvar o que for possível.
Referência:
Conservação
de aves no Brasil, Miguel Ângelo Marini e Frederico I. Garcia.
Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia,
Universidade de Brasília, Brasília, 70.910-900, DF, Brasil
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