Cetrería en Argentina - parte I

Olá pessoal,
Estou muito ansiosa e animada porque em Agosto irei participar do:


 É um evento incrível, onde falcoeiros de mais de 40 países se reunirão para aprender mais com as incríveis palestras e saídas à campo. É uma oportunidade incrível para uma iniciante como eu conhecer pessoas que se dedicam a esta arte em culturas e realidades totalmente distintas da minha. Eu já estou me preparando para a viagem, comecei pelo meu colete que está quase pronto, faltando apenas o patch da ANF do qual sou também associada mas que em breve colocarei.





Mas o mais importante ao se visitar um país é estudar um pouco dos seus costumes e tradições. No meu caso a língua espanhola eu já domino, e não é a primeira vez que visito a Argentina, então o mais interessante seria aprender um pouco sobre a falcoaria neste país, já que as leis que regem a sua prática são bem diferentes das do Brasil.

Ganhei o livro Cetrería em Argentina autografado de um amigo, e já o tinha lido ano passado, mas como preparação para este evento incrível em Missiones, vou começar hoje uma série de posts sobre este livro, do autor Enrique A. Gómez.



¡Vámanos entonces!



“La cetrería es una verdadera unión entre los seres humanos y el medio ambiente. Es una forma diferente de ver y relacionarse con la Naturaleza y ninguna otra actividad nos acerca tanto a ella”.
Enrique A. Gómez


Empezando


Lic.Daniel Abarquero, presidente da associação argentina de falcoaria,  no prologo deste livro destaca como aprender sem um conhecimento teórico leva a muitos problemas e dificuldades, inclusive à perda de aves.

“(...)creo que este es el sentidode esta hermosa obra, lograr rientar las pasiones de los nuevoscetreros por el camino correcto(aunque em Cetrería todavia todos los estamos aprendiendo), llenar un enorme hueco en la literatura argentina y para los más viejos enorgullecernos del camino recurrido y alentarnos a seguir adelante”. (p.7)

A proposta do autor é realmente esta, ser um guia para os iniciantes e contribuir com sua experiência e estudos para os novos interessados nesta arte.

Cetrería pré hispánica?


Antes da chegada dos Espanhóis na Argentina a cetrería não era praticada pelos povos indígenas, porém estes povos já davam uma grande importância as aves de rapina. Há várias provas desta relação em pinturas rupestres, decorações em cerâmica e tecidos, lendas e mitos.
 
  


O povo Quechua, no noroeste argentino, davam grande importância religiosa ao gigante Condor (Vultur-gryphus) denominado por eles de Kúntur e adimiravam a poderosa águia Mora (Geranoaetus melanoleucus), chamada por eles de Anca

Os Mapuches, no sul da Argentina, foram os que mais estudaram as aves de rapina. Eles conheciam cada uma delas e inclusive deram nomes em sua própria língua para cada espécie:



El Cóndor
El Mañque
El aguila
El calquin
El halcón peregrino
El peicu
El bicolor
El peuquito
El parabuteo
El peuco
El halcón aplomado
El calfuñ
El aguilucho
El ñamcu


 



Com a chegada dos Espanhóis a falcoaria foi introduzida na Argentina, já que na Espanha esta arte florescia e não haviam impedimentos para a sua prática por aquelas terras.

La Cetrería hoy


O autor questiona se a falcoaria feita hoje seria a mesma da era Medieval, ou se esta teria desaparecido com o seu grau de aperfeiçoamento. O autor acredita que na verdade a falcoaria se transformou e deixou de ser uma arte mundana e de fácil passatempo, ao não se ter hoje (salvo algumas exceções como os monarcas árabes ou alguns milionários) equipes de falcoeiros profissionais. Hoje a falcoaria é um esporte amador e pessoal, mais cientifico, racional e sacrificante, e que sintetiza a sabedoria ancestral dos antigos falcoeiros. O falcoeiro hoje não caça pelo valor da presa mas pela beleza do lance.

“(...) Yo diría que la Cetrería es la más natural y completa forma de caza, y a su vez es la que más desafío y dificultad presenta. Nos enseña humildad y fortaleza, nos enaltece el espíritu, alienta el equilibrio y le da al halconero eso que tan bien definiera Ortega y Gasset en su estudio sobre la Caza como ‘un baño de Naturaleza’”. (p.20)

O que nos levaria hoje a buscar a falcoaria? De acordo com o autor a resposta está no que o falcão nos transmite, com seu porte altivo, íntegro e severo, seu arisco orgulho e sua decisão implacável. Esta forma de cazar, fortalece el cuerpo y el espíritu”, e ainda “Debe el cetrero estar preparado para enfrentarse a todo, esto lo forma para hacer frente a la vida misma”. (p.21)

Muitos são aqueles que se emocionam com o voo de um falcão adestrado voando, mas poucos são os que estão realmente dispostos aos sacrifícios que criar uma ave exige. Além de contar com tempo livre e muita paciência para treinar e voar a sua ave, é necessário aceso ao campo, recursos econômicos para manter a ave, os equipamentos e instalações adequadas. Se não estiver realmente disposto ou não tiver todas as condições necessárias, é melhor nem começar.

Cetrería y ecología

O autor fala neste capítulo sobre as críticas à falcoaria já que muitos a consideram como algo cruel, mas argumenta que na realidade a ave de rapina quando mata para comer apenas faz o que sua natureza a indica, é uma ave carnívora e com um importante papel na cadeia alimentar e no equilíbrio da mesma.

“Cuando um halcón selvaje mata, sólo difere com el entrenado, em que éste há sido adiestrado para tolerar la compañia del hombre. El cetrero no es el cazador. El ave rapaz no hae outra cosa que lo que estaría  haciendo si continuara en estado selvaje. Si la Cetrería es criel (o si pudieran decir que la propria ave rapaz lo es), entonces la Naturaleza también es cruel.” (p. 22)

Outro argumento do autor é que nesta modalidade de caça não sobram animais feridos no campo, já que a ave captura a sua presa ou erra o lance, não há perigo para o homem e em raras ocasiões se mata mais de uma presa por saída ao campo, e por tanto se pode considerar a falcoaria como o tipo de caça mais ecológico e natural.

Ele ainda cita o caso da retirada do falcão peregrino da lista de espécies em risco de extinção nos Estados Unidos, graças a um projeto de criação em cativeiro e reintrodução destas aves, que não teria sido possível sem o auxílio de falcoeiros. Além disso os falcoeiros puderam passar a adquirir suas aves de criadores autorizados e assim não afetar as populações selvagens das mesmas. O autor ainda destaca que existem leis na Argentina que regulamentam a caça e que cada falcoeiro tem uma responsabilidade com o seu grupo.


Continua...

Conservação de aves no Brasil

Hoje vou comentar sobre o texto Conservação de aves no Brasil, dos autores Miguel Ângelo Marini e Frederico I. Garcia. Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Brasília, 70.910-900, DF, Brasil.

É um artigo muito interessante e que fala sobre a composição e distribuição das aves brasileiras, o número e distribuição das espécies ameaçadas, as principais ameaças do presente e do futuro e as iniciativas para conservação e pesquisa.
É uma leitura importante para compreender a quantidade de espécies de aves no Brasil, e o enorme número de espécies ameaçadas de extinção.  O problema é maior na Mata Atlântica, já que ela contém 75,6% das espécies ameaçadas e endêmicas do Brasil: “fazendo do bioma o mais crítico para a conservação de aves no Brasil”.

Segundo o texto a principal ameaça para as aves brasileiras é a perda e a fragmentação de habitats, seguida pela captura excessiva. A invasão de espécies exóticas, a poluição, a perturbação antrópia e a morte acidental, alterações na dinâmica das espécies nativas, desastres naturais e perseguição são outras ameaças.

O tráfico internacional de aves e de animais silvestres é uma atividade forte no Brasil e que ameaça inúmeras espécies, sendo que o texto cita duas espécies consideradas extintas, em grande parte devido ao tráfico ilegal: Arara azul-pequena e ararinha azul (cyanopsitta spixii). De acordo com os dados do texto cerca de 12 milhões de animais são traficados todos os anos no Brasil.

As aves que são aprendidas são tratadas e posteriormente devolvidas à natureza, mas são poucos os programas de translocação bem planejados, de acordo com os autores:
“A maioria dos espécimes capturados ilegalmente é libertada em locais impróprios (fora de sua distribuição geográfica natural) e sem uma avaliação apropriada de seu estado sanitário, sendo os efeitos dessas solturas desconhecidos.”

A comunidade ornitológica brasileira tem fornecido estrutura e organização para inúmeras pesquisas, patrocinam encontros anuais desde 1991 e publica um periódico especializado. O texto cita um dos programas mais bem sucedidos no Brasil, que é o projeto Arara-azul, criado em 1991 no Pantana.

Um dos maiores desafios segundo os autores para os ornitólogos brasileiros é a falta de informações básicas das espécies raras e do crescente número de espécies ameaçadas:

“Nós sabemos quais as espécies estão ameaçadas, quais são as suas principais ameaças e onde elas devem ser preservadas. Contudo, faltam informações sobre as novas espécies e sobre a biologia das espécies descritas tanto recentemente quanto anteriormente. As pesquisas e as medidas de conservação ainda estão desigualmente distribuídas entre as regiões e espécies, e as ameaças não estão diminuindo. O Brasil necessita de um Plano Nacional para a Conservação das Aves que possibilite organizar e definir as prioridades para as ações de diferentes instituições e profissionais; definir as necessidades para a pesquisa futura e a capacitação de pessoal; estabelecer prioridades nacionais para a conservação e manejo das espécies ameaçadas e áreas importantes para a conservação; e promover políticas publicas para melhorar a proteção das aves”.

A leitura do texto foi muito rica e trouxe dados preocupantes. Eu participei do X Ciclo de Palestras sobre Reabilitação e reintrodução de animais silvestres no Ibama em Belo Horizonte-MG, em Março de 2015. Nestas palestras pude perceber como o trabalho de reabilitação e reintrodução é difícil, custoso e nem sempre com resultados satisfatórios devido à falta de estudos mais detalhados sobre a vida em ambiente natural de muitas espécies de aves, assim como a falta de recursos financeiros e de parceiros para que tudo funcione bem.

O mais importante é investir para que a captura dos animais silvestres diminua, reduzindo a necessidade de reabilitação e reintrodução. Conscientizar à população sobre o dano ambiental ao se comprar um animal silvestre ilegal é o passo mais importante, pois tudo começa na educação ambiental. Só poderemos realmente preservar a nossa riqueza natural se a valorizarmos, e isso deveria vir de berço, mas como não vem é necessário cada vez mais projetos de educação ambiental nas escolas para que as futuras gerações preservem os recursos que ainda existirem, e tentar enquanto isso salvar o que for possível.





Referência:


Conservação de aves no Brasil, Miguel Ângelo Marini e Frederico I. Garcia. Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília, Brasília, 70.910-900, DF, Brasil

FALCOARIA COM GAVIÃO BICOLOR

Falcoaria com Gavião Bicolor, partes I e II 

Jorge Sales Lisboa


Diário de treinamento de um bicolor em reabilitação pela ABFPAR, com licença para a captura das presas relatadas autorizada pelo IBAMA RJ.

Olá pessoal,
Terminei mais uma leitura e vou comentar com vocês os principais pontos do texto do Sr. Jorge Lisboa, um dos fundadores da ABFPAR e uma referência para a falcoaria Brasileira. Minha indicação de leitura foi a primeira parte do texto Falcoaria com Gavião Bicolor, mas ao entrar em contato com o Sr. Jorge para parabeniza-lo pelo seu texto, ele me mandou a segunda parte, e por isso antes de comentar sobre a primeira parte eu li a segunda e vou resumir ambas a seguir.

Falcoaria com Gavião Bicolor – parte I


Qualquer iniciante tem muitas dúvidas e curiosidades sobre o dia a dia do treinamento de uma ave de rapina, e este diário, nas suas duas partes, relata como foi o progresso de Luma, uma fêmea de Gavião bicolor imprintada,  de 8 meses de idade.

A forma didática de relatar o treinamento torna os dois textos leitura obrigatória para qualquer iniciante, independente de qual ave ele deseja ter no futuro, pois apesar de haver diferenças no treinamento de acordo com a espécie, este diário dá uma boa ideia de como é o dia a dia da ave, e os desafios e dificuldades que o falcoeiro encontrará.

O autor inicia o seu texto com uma descrição da ave, e já traz um importante ponto para os iniciantes, a questão do controle de peso. Lembro que uma das minhas primeiras dúvidas quando comecei a estudar falcoaria era quanto uma ave de rapina comia. Bem, este tema de alimentação e controle de peso será visto com mais detalhes em um post próprio, mas já adianto que a quantidade de alimento varia de acordo com o tipo de carne a ser ofertado (carne mais ou menos calórica), e com o peso que você deseja que sua ave tenha. Ao treinar uma ave de rapina o controle de peso é um dos pontos mais importantes, pois você tem que diariamente pesar a sua ave e determinar qual é o seu peso adequado para cada fase do treinamento. No caso de Luma, a bicolor do texto, o autor ao comentar qual era o seu peso ideal para caça, demonstra como a sua variação provocava mudanças comportamentais nela:


“Luma é uma fêmea de Accipiter bicolor imprintada, pesa em torno de 344 gramas, peso que considero ideal para caça, com um peso mais alto (370g) a ave demonstra interesse em caçar presas mais fáceis, com um peso mais baixo (334 g) ela ataca quase todas as presas que surjam, mas em compensação torna-se muito independente interessada apenas em caçar, muitas vezes não obedecendo a chamada do cetrero.”

“Um bom controle de peso que talvez seja uma das partes mais difíceis no treinamento da ave. Conseguir-se um bom controle de peso é complicado devido ao metabolismo muito rápido desta ave, se baixarmos demais podemos perdê-la se aumentamos muito o peso a ave não responde. Na dúvida pequemos pôr excesso, mas não pôr defeito. Eu normalmente peso a ave antes, peso a ração e peso a ave após ter se alimentado”

De forma muito didática, o autor descreve os principais materiais para realizar falcoaria com os accipiters:

Jesses e braceletes almery; 2 elásticos no modelo árabe que são colocados entre as jesses e a leash para absorver choques, quizos (cauda e tarsos), jesses de campo, alcandara, poleiro em arco com 40cm de comprimento e 30 de altura com inclinação de 45 graus e protetor de calda.

Alimentação
O autor descreve como alimentava a sua ave nos primeiros dias quando ainda filhote, com carne de codorna, pardais ou rolinhas, utilizando sempre o fígado e parte do peitoral. Depois de alguns dias a ave era alimentada com pedaços da ave, incluindo pedaços de ossos. A oferta da alimentação completa é essencial para que a ave receba todas as vitaminas e evite doenças.

Recinto e banho de sol
Luma ficava dentro de uma banheira plástica forrada com astroturf (um tipo de grama artificial que evita lesões nas patas da ave), e esta banheira ficava dentro de uma caixa de papelão, para evitar sujeira. A exposição ao sol só era possível no início da manhã porque o bicolor é muito sensível ao calor excessivo.

Equipamentos
Só quando o filhote já estava com a plumagem praticamente completa é que foram colocados os braceletes e jesses. Quando a ave já não fica mais dentro da caixa, aí sim é o momento de colocar o destorcedor, a leash e atrelar a ave no poleiro em arco para tomar sol e na alcandara no restante do tempo.

Primeiros voos
Com a plumagem completa o autor utiliza um quarto grande e vazio, o qual é chamado de muda, com uma alcandara grande de dois metros e meio de comprimento por 1,10cm de altura e com alguns poleiros afixados na parede. A ave fica solta neste recinto podendo voar livremente e exercitar a sua musculatura. Depois de algumas semanas se inicia a alimentação sobre o punho.

Treinamento
  • a)       Comer sobre o punho – a ave começa a relacionar a luva como uma presa, criando um vínculo muito grande. Começa com o tempo a desenvolver uma agressividade excessiva com a luva, causando problemas no treinamento.
  • b)       Saltos e voos ao punho dentro de casa – a ave aceita saltar ao punho com facilidade já que desenvolveu um vínculo com a luva. Assim que a ave salta é necessário dar um silvo no apito para que ela associe este som ao alimento.
  • c)       Passeios: com a ave no punho primeiro é mostrada a ela o mundo exterior por uma porta, enquanto ela come. Depois de alguns dias o autor caminha com a ave em punho enquanto ela come. As caminhadas vão se tornando maiores até ir ao local onde se pretende voar ela livre.
  • d)       Voos ao punho fora de casa: ideal realiza-los em um campo de futebol ou parque não muito movimentado. A ave foi colocada sobre um poleiro baixo, e presa à um fiador, foi chamada ao punho com o apito, e ela foi rapidamente à luva devido ao seu enorme vínculo com ela. “Quando a ave vier ao seu punho você deve ficar de perfil e com a luva ao alto, nunca fique de frente para a ave ou com o punho abaixo, pode ocorrer do bicolor sentir-se ameaçado, achando que você quer disputar seu alimento (a luva) e atacar o falcoeiro no rosto. Uma vez que a ave esteja voando uns 60 metros no fiador, começaremos com os vôos nos locais onde pretendemos caçar.”
  • e)       Voos no campo: a agressividade do bicolor com a luva se torna um grande problema, ela possui um vínculo excessivo e portanto exige uma série de cuidados para que a ave comece a caçar.
  • f)        Introdução ao lure: Introduzir um Accipiter na isca é fácil, usei o método tradicional, com pedaços grandes na isca, alternando dias de grandes recompensas sobre a isca, com outros dias de comida sobre o punho com pouca comida.

Um ponto muito importante sobre o treinamento do lure é ensinar a ave que o falcoeiro não é um adversário e não irá roubar a sua comida. Caso isso não aconteça a ave irá depender a sua presa (que neste caso é um pedaço de alimento preso ao lure) e tentará carrega-lo para longe do falcoeiro. A forma de evitar isso é fazer como o autor descreve no texto:

“Importante nesta fase é quando a ave estiver sobre a isca, circundar em volta da ave batendo a luva no corpo e agachando-se vez ou outra oferecendo-se pequenos pedaços de carne, neste momento também passaremos as pernas sobre a ave sem tocá-la, isto tudo para que se acostume com movimento e não carregue.”

Quando a ave começa a responder de imediato no lure é o momento de começar com o voo livre.

  • g)       Voo livre: primeiro deve-se tirar o destorcedor e o elático, e também a leash, deixando a ave apenas com as jesses de campo. São feitos dois voos ao lure por dia no máximo, com a ave partindo de árvores baixas. Mais uma vez o vínculo excessivo com a luva é um problema, pois a ave se recusa a voar do punho para a árvore tal o seu vínculo com a luva.
  • h)       Escapes: os escapes são uma forma de preparar a ave para a caça, e só podem ser realizados após uma boa resposta ao lure. Mais uma vez houve problemas por causa do seu vínculo com a luva:

 “O vinculo da rapinante com a luva é tão grande, que ele não ataca o escape, simplesmente não entende, deve pensar, se eu tenho comida (a luva) sobre minhas garras porque tentar pegar outra que está longe.”

A forma de amenizar o problema foi colocar a ave em um poleiro em  T, aproximar de uma árvore e desequilibrá-la até que ela passasse para a árvore, o que acontecia tranquilamente já que ela não tinha vínculo com o poleiro. Da árvore eram feitos voos ao lure e posteriormente mais escapes.

  • i)         Caça real: Como o accipiter bicolor  pode predar diversos tipos de aves, aplicando técnicas distintas para cada uma, o autor descreve com detalhes como foi a caça de variadas espécies: pombos, corujas, anus-branco e preto, pica pau do campo, aves aquáticas (frangos d´água, Savacus e socozinho) e pequenas aves, além de pequenos roedores.


A importância do estudo é destacada na primeira parte do texto, e é o motivo das mudanças de comportamento de Luma na sua segunda parte.  Após a aquisição do livro AVES DE PRESA DE BAJO VUELO, que é a versão castelhana do IMPRINT ACCIPITER, do autor Michael Mc Dermott, o autor começou a aplicar as técnicas descritas pelo Michael McDermott e o comportamento de Luma melhorou muito.

“o autor Michael Mc Dermott, verdadeiro especialista no imprint de Accipiters nos explica grandemente o motivo de vários comportamentos que os Accipiters demonstram, que anteriormente eu achava normal como agressividade, territorialidade, etc. E o que é mais importante como abolir estes comportamentos, fazendo com que tenhamos uma ave dócil, mas excelente caçadora. Como este método só pode ser aplicado com aves criadas desde filhote, não pude aplicá-lo totalmente no meu Accipiter fêmea, mas alguns ensinamentos que apliquei, percebi uma notável melhora no que diz respeito a agressividade e respostas quando chamada. Sua saída em direção as presas também aumentou muito, saindo com mais facilidade do punho.”

O autor finaliza a primeira parte do seu texto enfatizando que :

“Accipiters não são aves para iniciantes, e um dos erros que os iniciantes cometem é considerar os Accipiters como outros Accipitridae usados em falcoaria. Não são. Nenhum Accipitrídae exterioriza seus comportamentos negativos como os Accipiters fazem, sendo assim, estas aves nas mãos de um cetrero experiente resulta numa ave com grande potencial de caça, nas mãos de um novato estas aves se convertem em aves de difícil domínio e algumas vezes perigosas para o cetrero ou outras pessoas.”

Importante sempre lembrar que a escolha da espécie de rapinante não pode ser motivada pela emoção, do tipo eu acho essa ave linda, ou pelo seu tamanho. A responsabilidade em ser um bom falcoeiro começa na escolha da ave correta para seu nível de conhecimento, para o tipo de campo disponível, entre outros fatores. Antes de pensar em adquirir uma ave procure ajuda, associe-se à ABFPAR, faça cursos, estude e procure um tutor. Nunca compre uma ave sem este preparo prévio, não apenas pelo o seu bem, mas especialmente pelo bem da ave.

Falcoaria com Gavião Bicolor – parte II


Na segunda parte do diário de Luma, no seu segundo ano de vida, é relatado o seu treinamento, mas o mais importante: a sua mudança radical de comportamento, para o melhor!

Saindo da muda as cores de Luma mudaram, mas o que realmente mudou foi sua forma de agir, especialmente em relação à luva. Estas mudanças ocorreram ao serem aplicadas algumas técnicas do falcoeiro Michael Mc Dermott, descritas no livro Aves de Presa de Bajo Vuelo.  As mudanças no treinamento foram:
  • a)       Não alimentar mais a ave sobre o punho, e com isso foi abolida a sua agressividade perante ao falcoeiro e que a ave achasse a luva apenas mais um poleiro.
  • b)       Alimentação apenas sobre o lure, e com pedaços muito pequenos de carne. Desta forma: “com pouco alimento sobre a isca a rapinante não cria uma relação de posse para a isca e posteriormente o vício de carregar e fica mais tenaz nas perseguições das presas e não se ressente, podendo chamá-la umas 20 vezes sem que perdesse o interesse.”
  • c)       Não foram feitos voo ao punho para receber alimento, apenas voos à isca para este fim
  • d)       O peso do voo pode ser reduzido para entre 335 a 338g, devido a melhoria de comportamento, causando uma agressividade e tenacidade maios para atacar as presas, e uma resposta melhor ao lure.
  • e)       Aceita o toque nas garras e enquanto come sobre o lure.


A seguir o texto traz um diário das capturas de Luma, com muitos detalhes, pela sua leitura é possível perceber o enorme potencial desta espécie. O autor relata que o bicolor é uma ave excelente para o trabalho de controle nos aeroportos, pois captura muito bem as espécies Vanelus, Nictanassa e Nicticorax, que são as que mais problemas causam nos aeroportos.

Infelizmente Luma morreu por Aspergilosis, e foi uma grande perda já que era um accipiter com 340 gramas e capaz de capturar presas com o dobro do seu peso. O autor termina o seu texto agradecendo ao método Mc Dermott.

Com certeza após a leitura destes textos fica claro como é o dia a dia no campo, as fases de treinamento e os desafios encontrados pelo falcoeiro. E acima de tudo demonstra como a leitura continua sendo importante, mesmo quando já se tem conhecimento e prática, pois sempre podemos aprender mais e melhorar o treinamento da ave, o que refletirá no seu comportamento e no seu sucesso.

Referências:

LISBOA, Jorge Sales. Falcoaria com gavião bicolor parte I e II. Textos publicados nos boletins Abfpar, na revista de falcoaria dos USA American Falconry, na revista de falcoaria da Espanha Alcandara, e no boletim mexicano RAPAZ.

Porque criei este blog


Iniciar na falcoaria não é através da compra da primeira ave, ou pelo menos não deveria ser assim. Muitos creem que criar uma ave de rapina é o mesmo que criar um papagaio ou uma arara, e não poderiam estar mais enganados. Acondicionar uma ave de rapina dentro de uma gaiola, dar carne moída como alimento, cortar penas das asas são vários procedimentos equivocados que muitos adotam por falta de conhecimento.

Para quem é da área da biologia é muito mas fácil ter contato com a falcoaria, inclusive é comum inclusive ter aulas com professores que também são falcoeiros, mas para interessados de outras áreas do conhecimento é necessário correr atrás de informações e contatos que possam te auxiliar.

Apesar de vários sites ótimos darem muito conhecimento aos iniciantes, achei que faltava uma ponte, um site feito por um iniciante dialogando com outros iniciantes, numa postura humilde, porém engajada onde o mais importante não é ensinar, mas compartilhar o conhecimento.

De ensinar eu entendo muito bem, afinal são duas graduações e três pós em Letras, mas eu sou apenas uma aprendiz de falcoeira que acredita que conhecimento que não é compartilhado não é válido. Não faz sentido guardar para mim o que eu aprendo ou os caminhos que eu trilho. Meus objetivos são muito simples, mas ao mesmo tempo muito importantes: ajudar aqueles que têm um interesse real pela falcoaria, que querem iniciar nesta arte com ética, responsabilidade e conhecimento. Ajudar a estes a seguirem um caminho sem tantos percalços como eu tenho trilhado, pensando no benefício da sua futura ave, pois na falcoaria a ave vem sempre em primeiro lugar.

Não é necessário ser biólogo ou veterinário para ser um bom falcoeiro, afinal esta arte surgiu há mais de dois mil anos atrás, seu auge foi durante a era medieval, bem anterior à era das luzes, ou seja, do conhecimento. Já não precisamos seguir o caminho trilhado nos primórdios desta arte, o que faz um bom falcoeiro na atualidade é o estudo da falcoaria através de suas obras mais importantes, entender a biologia das aves e seu comportamento, ser ético e responsável, e quando possível acompanhar um falcoeiro experiente no campo para aprender na prática o que já domina na teoria. Afiliar-se a uma associação também é essencial, mas não suficiente. O esforço é sempre seu, por mais auxílio que possa ter cabe a você estudar, seguir as orientações e treinar e cuidar da sua ave da melhor forma possível.

O que me motiva na falcoaria não são ganhos materiais, pois tenho uma profissão que amo e que me supre muito bem. Meus objetivos são maiores, são de buscar algo que me emociona profundamente, de ir ao encontro de algo que sempre fez parte da minha vida indiretamente, de uma paixão pelo deserto e pelos falcões que a lógica não explica, só o coração. É um hobby para mim, mas não com a conotação de algo feito de qualquer jeito, com pouca dedicação, pelo contrário, não faço nada sem esforço, sem comprometimento, sem paixão.


Enfim, espero que este blog seja útil a todos os que querem iniciar na arte da falcoaria e que possamos ir aprendendo juntos, cada vez mais! Sucesso a nós e bons voos!





Metabolismo do Estresse: Impactos na Saúde e na produção animal

 Hoje começo uma série de postagens sobre algumas leituras teóricas importantes. O primeiro é Metabolismo do Estresse: Impactos na Saúde e na produção animal, Seminário apresentado por ELISANDRO OLIVEIRA DOS SANTOS, na disciplina Bioquímica do Tecido Animal no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Maio de 2005. Professor da Disciplina: Félix H. D. González.

Se o stress causa problemas nos seres humanos, é de se esperar que eles também tenham um impacto na saúde fisiológica e mental dos animais. As alterações causadas pelo stress provocam uma “quebra do equilíbrio orgânico, em outras palavras da homeostasia, e a capacidade adaptativa sobre estas alterações é chamada de metabolismo do estresse. O estresse visto de uma forma mais clara:  “é uma resposta fisiológica do organismo provocado pela alteração da homeostasia, que busca fornecer ao corpo subsídios para responder e adaptar-se a estas alterações.” (SANTOS, 2005, p.1)

O prolongamento do stress causará vários transtornos no organismo, resultando em alterações produtivas, reprodutivas, comportamentais e psíquicas. Segundo o autor é importantíssimo compreender o metabolismo do estresse e a resposta dos animais a esta influência para que tais problemas descritos acima possam ser minimizados ou evitados, em se tratando de animais silvestres ou domésticos.

Há vários agentes estressores como o frio/calor, fome, dor, ansiedade, medo, que provocarão um estímulo nervoso que ao chegar ao cérebro, mais precisamente no hipotálamo, provocará a liberação de vários hormônios causando várias alterações metabólicas. O autor divide o mecanismo do estresse em três etapas:

1ª fase – Alarme
É subdividida em Fase de choque e contra choque. Na fase de choque ocorre o desencadeamento provocado pelo agente estressor que irá ativar o eixo HHA, com a participação também do sistema nervoso autônomo, ativando as respostas físicas, mentais e psicológicas ao estresse.
2ª fase – Resistência
Atuação predominante da adrenal ocorrendo uma atuação máxima de glicocorticóidese catecolaminas. Estes atuam ativando a glicogenólise no líquido extra-celular e a glicogênese e gliconeogênese no fígado, inibindo a insulina e estimulando o glucagon. Isto permite um maior aporte de glicose para todo o organismo, principalmente para as células cerebrais e musculares. Os glicocorticoides atuam também controlando as catecolaminas, que necessitam de glicose para sua síntese.
3 ª fase - Esgotamento
Continuando o agente estressor o organismo passa para a fase do esgotamento, onde começam a falhar os mecanismos adaptativos e inicia-se um déficit energético, pois as reservas corporais estão esgotadas.
c.f. Santos 2005

Os hormônios do estresse causam alterações na função reprodutiva, (no texto são dados detalhes sobre quais são os hormônios afetados) e portanto este é um fator que pode impedir a reprodução de algumas espécies em cativeiro. O texto cita vários exemplos de animais que sofrem com agentes estressores dos mais variados, e como sofrem alterações comportamentais, fisiológicas que podem até mesmo levar ao óbito, e infertilidade.

O cativeiro é um agente estressor muito grande. A síndrome de má adaptação, que atinge algumas espécies em cativeiro, causa um processo de anorexia que pode levar à morte. O excesso de sons em zoológicos pode dificultar a função reprodutiva de algumas espécies, sendo citado o caso do panda gigante.

O transporte para transferência de recintos em zoológicos é outro fator estressante para animais, como por exemplo nos tigres (Panthera tigres), aumentando seus níveis de cortisol e seu comportamento. Nos elefantes aparecem comportamentos repetitivos como o balançar constante de cabeça. Na vida selvagem foram encontrados indícios de estresse nas fezes de aves migratórias, através da dosagem de corticoides. A hierarquia social e a manutenção de dominância também são fatores geradores de estresse em animais de vida livre, como nos lobos (Canis lupus), onde “altos níveis de cortisol foram associados com animais dominantes, sendo de alto custo para a espécie manter dominância, devido ao estresse crônico” (SANTOS, 2005, p.5)
Uma solução para este problema de acordo com o autor é o enriquecimento ambiental, que aumenta o bem estar dos animais e as suas taxas reprodutivas.

“Segundo SHEPHERDSON (1998), o enriquecimento ambiental é um princípio no manejo
animal que procura ampliar a qualidade de vida dos animais em cativeiro através da
identificação e fornecimento de estímulos ambientais necessários para alcançar o bem-estar
psíquico e fisiológico, estimulando comportamentos típicos da espécie, reduzindo estresse e
tornando o ambiente cativo mais complexo e diverso
” (SANTOS, 2005, p.5)

Os benefícios do uso do enriquecimento ambiental são: a redução do estresse, a diminuição de distúrbios comportamentais, a redução de intervenções clínicas, a diminuição da mortalidade e o aumento de taxas reprodutivas.

Extrapolando o texto, gostaria de compartilhar com vocês uma reflexão que fiz ao terminar a leitura do artigo de Santos sobre o estresse. Lembrei-me de quando em 2008 fiz a disciplina isolada “A biologia do Conhecer na Experiência em sala de aula.” no mestrado de Linguística aplicada ao ensino de línguas, na UFMG com a Dra. Laura Miccoli e tive o prazer de conhecer e estudar o autor Humberto Maturana.  

Para quem não o conhece coloco aqui uma pequena descrição deste brilhante filósofo, biólogo e estudioso, e sugiro a leitura da entrevista da qual foi retirada esta citação:

“Humberto Romesín Maturana é Ph.D. em Biologia (Harvard, 1958). Nasceu no Chile, estudou Medicina (Universidade do Chile) e depois Biologia na Inglaterra e Estados Unidos. Como biólogo, seu interesse se orienta para a compreensão do ser vivo e do funcionamento do sistema nervoso, e também para a extensão dessa compreensão ao âmbito social humano. É professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile. Prega a Biologia do Amar e do Conhecer para a formação humana. Sustenta que a linguagem se fundamenta nas emoções e é a base para a convivência humana. Fundou, em Santiago, o Instituto de Formação Matríztica, um espaço relacional que favorece a ampliação da compreensão de todos os domínios de existência humana, desenvolvendo estudos sobre a Biologia do Amar e do Conhecer, por meio de cursos, palestras e oficinas de conversações operacionais e reflexivas sobre a Matriz Biológica da Existência Humana.”

Dizem que não se pode fugir do seu destino, vejam que já em 2008 eu me via às voltas com a biologia, e confesso que não foram leituras fáceis para nenhum de nós linguistas, especialistas ou mestrandos, que nos aventuramos no pensamento incrível de Maturana. Apesar de que nosso foco era no papel impactante das emoções no processo de ensino/aprendizagem, lemos algumas de suas obras que explicam o que é a sua teoria da autopoiese e a biologia do conhecer. Os livros estudados foram A ontologia da realidade; Emoções e linguagem na educação e na política; e Cognição, ciência e vida cotidiana.

Na obra Cognição, ciência e vida cotidiana Maturana demonstra a importância das emoções, e como nossas ações são resultantes do nosso estado emocional. O exemplo da barata me veio à mente ao ler o texto Metabolismo do Estresse, e compartilho-a com vocês:

Se vocês chegam em casa à noite no verão, acendem a luz, e ali no meio da cozinha há uma bela barata caminhando tranqüilamente, vêem a barata e dão um grito. A barata começa a correr desesperadamente de um lado para o outro. A barata mudou o domínio de ação. Essa barata que corre de um lado para o outro, se lhe oferecem comida, não pode comer. Não pode copular; há certas coisas que não pode fazer. Mas a barata que se move tranqüilamente no meio da cozinha, se encontra uma comidinha, pode comer. Essa transição de um domínio de ação para outro é uma transição emocional. As emoções surgem no momento em que eu atento para a operação de distinção sob a qual eu falo de emoções. Então as emoções surgem como disposições corporais que especificam domínios de ação. E isso é compreensível biológicamente. As emoções são apreciações do observador sobre a dinâmica corporal do outro que especifica um domínio de ação. Nessas circunstâncias, nada ocorre nos animais que não esteja fundado numa emoção.” (MATURANA, 2006, p.46)

Creio que este trecho acima de Maturana fecha bem a compreensão do texto de Santos sobre o estresse. Não podemos esperar que um animal, seja silvestre ou doméstico, tenha uma vida normal e que seu metabolismo e comportamento sejam adequados à sua espécie se eles estão sob o domínio de um ou mais fatores estressantes. Antes de combater os sintomas é necessário combater as causas desse estresse.

A vida em cativeiro é um dos maiores fatores estressantes a qualquer animal silvestre, e por isso que nós, aprendizes e iniciantes na nobre arte da falcoaria, temos uma enorme responsabilidade sobre o bem estar de nossa futura ave. Por isso defendo antes de tudo muito estudo e a orientação de falcoeiros experientes, para só depois, e talvez bem depois, adquirir a sua primeira ave, cuja escolha da espécie deve ser bem analisada e não motivada apenas pela emoção, mas pela união da emoção com a razão. Desta maneira tanto o falcoeiro como a ave terão uma convivência diária saudável, baseada no respeito e na ética.

Como diz Maturana: "Todo hacer es conocer y todo conocer es hacer."
Então vamos estudar!

Abraços,
Kátia Boroni

Referências:
SANTOS, Elisandro Oliveira dos. Metabolismo do Estresse: Impactos na Saúde e na produção animal. Seminário apresentado na disciplina Bioquímica do Tecido Animal no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Maio de 2005. Professor da Disciplina: Félix H. D. González.

MATURANA, Humberto. Coginição, Ciência e Vida Cotidiana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.





Meus estudos parte III

Olá pessoal,

Continuo com a minha série meus estudos, apresentando o meu caderno. Importante deixar claro que todas estas leituras foram feitas assim que me interessei em aprender sobre a falcoaria, buscando na internet materiais de fontes confiáveis.

Após ler todos estes textos iniciei a minha leitura de livros que são referência, como o importantíssimo Understanding the Bird of prey, de Nick Fox, que é o norte desta arte, e também o Cetrería em Argentina de Enrique A. Gómez, e A arte da Falcoaria da ANF. Cada uma destas obras ganhará posts específicos em breve!

No post de hoje vamos ver duas leituras, mais uma da Espanha, e um guia de educação ambiental feito por autores do Panamá pelo Fundo Peregrino.
Espero que gostem!
Abraços,
Kátia.

Curso básico cetreria online



Este texto em espanhol de 55 páginas traz pontos muito importantes sobre a falcoaria, de maneira didática e de fácil compreensão, escrito por Francisco Silva. Primeiro ele aborda a história da falcoaria em um resumo muito interessante. Depois o autor cita as espécies de rapinantes mais utilizadas na Espanha, e traz informações sobre a espécie e o sexo adequado para capturar cada tipo de presa, como também a ave adequada de acordo com o tipo de terreno a ser explorado. Em seguida separa as aves em alto vôo e baixo vôo e traz um resumo sobre as características de cada uma das aves mais populares na Espanha de cada um destes grupos.


Bajo Vuelo:


“El bajo vuelo es propio de aves de rápido batido de alas en distancias cortas,
como azores, harris y gavilanes, de otras que planean y vuelan a vela como las águilas.
En el bajo vuelo se practican de varias formas el lance, el de “mano por mano” y el de “empuesta” y “toro suelto”. En lo dos primeros se deja salir al ave del puño una vez hemos descubierto la pieza. En el primer caso se lanza al pájaro tras la presa una vez ha advertido nuestra presencia y en el segundo actuamos como atalaya, esperando a que nuestro pájaro salga cuando considere oportuno, el tercero esta suelta la rapaz posándose por los árboles o atalayas desde la cual avista la pieza a más distancia. Llegar a cazar con aves de bajo vuelo requiere menos dedicación que con los halcones, razón por la cual es más común entre principiantes.
“ (p. 7)
No Baixo Vôo ele fala sobre as principais características do gavião asa de telha (Harris Hawk, Aguilla de Harris, Parabuteo unincictus), Açor, (Azor, Accipiter géntilis), Cola Roja o Red Tailer (Buteo jamaicensis), Gavilán ( Accipiter nisus), Águila Real (Aquila chrisaetos), e a coruja Búho Real ( Bubo bubo). Lembrando que nem todas estas aves são comumente utilizadas no Brasil. Também há uma citação sobre os híbridos mais comuns.

Altaneria


“Se practica con los halcones, y se llama así por la altura que alcanzan en sus
vuelos. Se distinguen dos modalidades. Lances de mano por mano y lances de
altanería. En los lances de mano por mano el halcón persigue a su presa desde el
puño. En los lances de altanería es cuando el halcón busca tomar altura, sin haber
visto presa alguna. Sabe que si alcanza un buen techo tiene ventaja sobre las
presas que le saque entonces el halconero o el perro al batir el terreno”.

Neste grupo é citado o falcão peregrino (Halcón Peregrino, Falcón peregrinus ) e como se dá o seu vôo picado, que é a forma mais impressionante que ele utiliza ao caçar. Também é citado o Falção Sacre ,(Halcón Sacre, Falcón cherrug), Halcón Lanario (Falcón biarmicus), Gerifalte (Falcón rusticolus ), Cernícalo (Falcón tinnunculus), e também alguns híbridos.

Depois o autor comenta sobre a legislação da falcoaria na Espanha, que é bem diferente da Brasileira, e portanto não comentarei aqui. Em seguida vem uma parte muito importante para iniciantes, que é uma descrição com fotos sobre os equipamentos básicos e instalações. São muitos os que acreditam que as aves de rapina ficam em gaiolas, e não poderiam estar mais equivocados, pois estas aves em gaiolas causariam danos as suas penas e com isso seu voo ficaria comprometido.
Alguns trechos desta parte do texto seguem abaixo:




Depois vem a parte do adestramento, que resume o dia a dia do amansamento e treinamento das aves de baixo e alto voo. Em seguida um glossário dos termos técnicos de falcoaria.
Ao resumir o texto espero motivá-los a o lerem na íntegra, pois é um material muito rico e que trará muito conhecimento para os iniciantes.


  

Guia didática de educação ambiental


“Al final, conservaremos sólo lo que amamos; amaremos sólo lo que entendemos; entenderemos sólo lo que nos hayan enseñado”


Muitos pensam que aprender falcoaria é apenas aprender a amansar e treinar aves de rapina, mas isso é só uma parte do processo. É de extrema importância aprender sobre a biologia das aves e também sobre educação ambiental, já que é através deste conhecimento amplo que é possível praticar a falcoaria de forma ética, correta e sustentável.  Meu tutor Israel pensa exatamente assim e ele me recomendou leituras muito importantes que serão tema dos próximos posts.

No Brasil estão sendo implementados vários projetos de educação ambiental, através de suas associações de falcoaria e também de grupos e instituições ligadas à falcoaria. Sabemos que a melhor forma de preservar estas aves em vida selvagem é através da educação, e por isso à visitação de escolas e até mesmo faculdades é de extrema importância.

Se no Brasil a educação no geral não anda bem e faltam recursos, para a educação ambiental não seria diferente, mas é possível encontrar ótimos recursos gratuitos na internet para auxiliar estes projetos. Vou comentar agora sobre este guia feito através do fundo peregrino, com o objetivo de auxiliar a educação ambiental no Panamá. Se algum grupo ou associação Brasileira aproveitar uma parte deste material ficarei imensamente feliz!

Os objetivos deste material são:

“Esta Guía Didáctica está dirigida especialmente a los maestros y maestras que trabajan en Panamá, para ser utilizada como una herramienta de apoyo a sus esfuerzos de enseñanza e inspiración a los niños (as), que son nuestro futuro. En Panamá, como en la mayor parte del mundo, estamos perdiendo los bosques, los manglares, los arrecifes de coral, y otros ecosistemas de nuestro ambiente. Más de la mitad de los bosques tropicales del mundo se encuentran en Latino-América. Cada minuto se destruyen de 200 a 400 hectáreas de estos bosques. Los científicos estiman que a este ritmo, en menos de 50 años, perderemos del 80 % al 90 % de los bosques tropicales del mundo. A la vez, los científicos estiman que cada día se extinguen 137 especies de animales, plantas e insectos. Muchas de estas especies desaparecen antes de ser conocidas por los seres humanos. Una alternativa con la que podemos proteger nuestro medio y evitar su destrucción en el futuro es a través de la educación ambiental. Hay un adagio que dice: “Al final, conservaremos sólo lo que amamos; amaremos sólo lo que entendemos; entenderemos sólo lo que nos hayan enseñado”. Basado en esta afirmación, esta guía tiene el propósito de incentivar en el alumno y la alumna, el estudio y la comprensión de la naturaleza; haciendo énfasis en la interacción del Águila Arpía y otras aves rapaces con su ambiente. Con esta guía, los estudiantes tendrán la oportunidad de valorar los recursos naturales y mejorar su actitud y aptitud respecto a la flora y fauna, haciendo uso efectivo de su aprendizaje.”

No primeiro capítulo é feito um resumo sobre as características fisiológicas das aves de rapina, e como identificar a qual grupo pertence uma ave:






 No capítulo dois os autores comentam sobre as principais aves do Panamá e das Américas (a maioria é comum no Brasil), trazendo informações básicas sobre cada espécie, sendo elas: Águila Pescadora (Pandion haliaetus), Elanio Tijereta (Elanoides forficatus), Aguililla Adornada (Spizaetus ornatus), Elanio Caracolero (Rostramus sociabilis), Caracara Crestada (Polyborus plancus), Halcón Peregrino (Falco peregrinus), Halcón Aplomado (Falco femoralis). É explicado ainda o fenômeno da Migração.

O capítulo 3 é dedicado exclusivamente à Águia Harpia, que é considerada a ave nacional do Panamá. Neste capítulo é explicado o seu habitat e distribuição, dimensões desta ave e seus habítos alimentares, como elas constroem seus ninhos e o estado atual (da data de publicação do texto que é de 2006) destas aves no Panamá. As leis que protegem esta ave também são descritas.



O capítulo 4 é sobre a importância das aves de rapina, como topos da cadeia alimentar, e o papel dos predadores para manter o equilíbrio ambiental. O texto explica todos os elementos da cadeira alimentar, e como é de extrema importância o papel dos rapinantes como controladores biológicos, e bio-indicadores. Em seguida o capítulo comenta sobre as aves de rapina na cultura, em especial na mitologia panamenha, mexicana, egípcia, Grega e Hindú.



O capítulo 5 fala sobre a conservação:
La conservación es el uso razonable de todos los recursos naturales (plantas, animales, minerales, agua, etc.), a fin de que se encuentren en buenas condiciones siempre que deseemos disponer de ellos en el futuro. La conservación puede practicarse a gran escala como en el patio de la casa. La conservación empieza con el deseo de mejorar nuestro mundo y termina con una acción. Un ejemplo de conservación puede ser declarando un área grande de bosque como un parque nacional o puede ser un acto simple,como tirar la basura en el lugar correcto.

Os principais problemas que ameaçam as aves de rapiña são o deflorestamento, a caça indiscriminada, a Poluição e problemas antropegênicos, que estão relacionados com as atividades humanas, e entre eles o prior é o envenenamento por chumbo: “Las balas de plomo, sus fragmentos, o las pesolas de plomo que se usapara pescar son ingeridas por aves acuáticas, en cantidades suficientes que se acumulancausándoles la muerte. Las aves rapaces que se alimentan de las aves acuáticas muertastambién morirán por ser receptoras del plomo que está concentrado en los cuerpos desus presas”.

O texto então faz a pergunta sobre como podemos conservar os rapinantes, e responde que seria através da conservação do seu habitat natural e através da educação ambiental:
“La educación ambiental es un componente clave en la reducción de la mortalidad de las aves rapaces por causas antropogénicas. Cada persona podría entender mejor la importancia de las aves rapaces, y el papel que ellas juegan en la naturaleza.” (p. 55)

“Si me lo dice, lo olvido; si lo veo, lo recuerdo; si lo hago, lo entiendo”

O capítulo 6 traz atividades educativas complementarias para a educação ambiental, para várias disciplinas escolares, como Espanhol, matemática, ciências, sociologia, artes e educação física. Com adaptações estas atividades podem ser implementadas em vários projetos de educação ambiental no Brasil. A seguir mostro algumas sugestões do texto:

Espero que tenham gostado do resumo e que leiam o texto e utilizem suas ideias na educação ambiental!
Abraços,
Kátia.


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