Olá pessoal, 

Aqui terminam a série de textos sobre o III ENF (Encontro Nordeste de Falcoaria) com as últimas entrevistas. Obrigada a todos, Abraços!

Joacil Germano – Presidente da AFARN e conselheiro fiscal da ANF


Fale um pouco sobre a origem do ENF

O encontro ANF surgiu da AFARN. A AFARN surgiu de um sonho que eu tinha de reunir o pessoal aqui do Rio Grande do Norte pra fazer falcoaria, porque até então só tinha eu praticando a falcoaria com um sparvérius e daí começamos a juntar pessoas que talvez tivessem potencial e criar cursos para descobrir pessoas com potencial para a falcoaria. Nesse meio termo, antes mesmo de formarmos a associação o fórum do Falcoria Online foi um norteador muito grande e que ampliou os horizontes. Eu iniciei a falcoaria e não tinha contato direto com outros falcoeiros e foi através do falcoaria online que eu conheci falcoeiros de outros locais e fiz outros contatos. Dorinho mesmo foi um exemplo de mais ou menos próximo em que a gente conversava bastante tanto pelo fórum quanto fora dele. E dessas conversas no segundo encontro da AFARN surgiu a ideia de se fazer um Encontro do Nordeste, eu ainda achava isso muito grande naquele primeiro momento mas neste evento já estavam presentes pessoas de Alagoas, Paraná, Rio de Janeiro, ou seja, mesmo sendo local já abrangia mais gente de fora. 

Dorinho conversando com Marcus Estevão da ABFPAR apoiaram a ideia e a partir daí o encontro começou a se concretizar.  Eu sugeri que fosse durante o encontro da AFARN porque fazer dois eventos em um ano seria complicado e por isso o primeiro ENF foi um encontro conjunto com o da AFARN e veio muita gente e muita ave e foi surpreendente. Do primeiro pro segundo ano surgiu a idéia de transformar isso na Associação Nordeste de Falcoaria, e no segundo encontro Nordeste de falcoaria é que ela foi realmente criada através da assembleia. Estamos agora no terceiro evento então já temos um ano e meio de associação e já conseguimos fazer coisas que a gente nem imaginava.

Como você vê hoje a falcoaria no Nordeste?
Eu fico até arrepiado de falar, porque quando eu comecei não tinha quase nada de falcoria, era muito limitado e o pessoal que tinha não queria difundir este conhecimento, a gente já tem uma cabeça diferente. Eu queria difundir e Dorinho me ajudou nisso, porque ele também queria crescer a falcoaria no Nordeste, pelo menos juntar as pessoas que gostavam em grupos pra gente discutir e interagir mais. Só que a coisa tomou uma proporção maior do que a gente esperava, pelo menos do que eu esperava.

A gente colocou alguns princípios, tomando por base os erros que os outros tinham, principalmente na recepção de novos adeptos à arte, porque a falcoaria no Brasil de forma geral estava passando por um momento crítico porque muitas pessoas não estavam querendo ajudar os novatos, e a nossa proposta foi exatamente isso, de agregar esses novatos, claro que de dez são só dois que ficam.

O crescimento da ANF foi espetacular, mas a gente sabe que ainda tem muito trabalho para ser feito. Quando a gente criou a AFARN eu tinha um sonho de fazer um encontro dentro do Seridó que é uma região de cultura nordestina bem impregnada, dentro da caatinga, um encontro que envolvesse todo o pessoal do nordeste em um ambiente típico. Ano passado em Novembro no dia Nacional da falcoaria a gente fez esse encontro da AFARN e nós juntamos gente de todo canto e todo mundo que veio ficou maravilhado com a falcoaria que houve nesse encontro. A gente viu o parabuteo atuando na forma como ele deveria atuar. Não sei se algum dia conseguiremos fazer igual, mas este foi perfeito.

Sobre o III ENF, qual a sua avaliação?
Perfeito, os encontros da ANF tem um enfoque mais didático e está atingindo esse objetivo, esse é a proposta da AFARN que sempre fez encontros didáticos com palestras, discussões, cursos, para enriquecer a todo mundo, e a ANF adotou e está crescendo cada vez mais. Esse momento didático é fundamental, é uma forma de confraternizar e de se conhecer pessoas que só conhecemos pelo computador e o encontro está atingindo os seus objetivos. Tem os momentos de campo que são importantes mas esse momento didático é fundamental para crescer a falcoaria, especialmente a do nordeste.

A ANF ainda tem muita coisa pra fazer, tem só um ano e quatro meses aí na luta e já crescemos muito, esse encontro da Argentina, por exemplo, foi ótimo para o pessoal conhecer o nosso trabalho e eu fico orgulhoso porque a gente está lá desde o início.

A gente ainda tem um projeto de reabilitação e projetos assim são importantíssimos na falcoaria de reabilitação, e falta implementar esse projeto. E existe ainda um projeto que não é o de legalização da falcoaria porque esse é um projeto constante de todas as associações, mas existe um projeto dentro da ANF que é ela reconhecer o indivíduo como falcoeiro, dar o título a ele de falcoeiro e a ANF está trabalhando para pelo menos dentro do Nordeste fazer isso acontecer e isso vai se expandir, acredito que a ABFPAR vai também fazer isso.

E o que você acha da parceria da ABFPAR com a ANF?
Isso é fundamental, e isso nem precisaria ter um termo ou acordo, teria que ser algo obrigatório. Toda associação deveria ser subordinada à associação maior que é a ABFPAR. Todos estamos caminhando na mesma direção, é ótimo que haja esta união. Quando a AFARN surgiu ela automaticamente já era subordinada à ABFPAR e ela sempre nos deu apoio e suporte.

O que você está achando das mudanças do Falcoaria Online?
Eu utilizo o Falcoaria Online desde 2010 na época era um fórum tímido mas que já tinha muita coisa boa e a galera se ajudava bastante. Ele passou de um fórum para um site que dá um suporte maior. O que eu sinto falta do pessoal que faz falcoaria é o apoio ao Falcoaria online que foi o norteador de muita gente, pra mim mesmo foi muito importante para o vício que é a falcoaria. O que falta é apoio da parte dos próprios falcoeiros para manter o site porque eu sei que não é fácil financeiramente, dispõe de tempo e de pessoas voluntárias para ajudar e eu sei que é difícil de ter, e eu sinto falta dos usuários apoiarem o site.

O Falcoaria online tem duas coisas que impediu o crescimento dele de ser como deveria ter sido. Primeiro foi por causa de alguns integrantes que sempre brigavam com os iniciantes e com isso muita gente com potencial bom acabava desistindo. Outra coisa foi o desenvolvimento de novas tecnologias como o whatsapp que acabou com todos os fóruns, não apenas com o da Falcoaria Online e neste aplicativo as informações são descartáveis e se perdem, e esses dois fatores é que atrapalharam o fórum do Falcoaria Online, mas acredito que dá pra reverter isso.

Glenison Dias - Conselheiro fiscal da ANF e coordenador geral do III ENF
Qual é a  importância do evento para o nordeste?

Como o evento cresceu rápido, na primeira edição tínhamos 16 pessoas, na segunda quarenta e agora cinquenta pessoas, batendo até o número de pessoas que foi pra argentina.
A falcoaria está crescendo no Nordeste mas ainda temos poucos adeptos no Nordeste, porém tem um diferencial muito grande no Nordeste porque tudo o que o Nordestino se propõe a fazer ele faz bem feito. Mesmo sendo pouca gente tem pessoas se destacando e a associação também reflete isso, mesmo com pouco tempo de trabalho a gente dá passos largos justamente pela insistência do povo, um povo de luta que quando põe na cabeça faz e faz bem feito.

Como foi organizar o III ENF?
Foi me dado o desafio de  fazer esse evento e foi muito complicado mas a gente teve muito apoio e muitos desafios mas deu tudo certo e tem muita gente falando bem já dele. O clima do evento é de amizade, de acolhida, e isso é muito bom.

O primeiro ENF eu fui sem conhecer ninguém e achei que ia aprender muito que teriam muitas palestras mas não teve muita mas eu aprendi tanta coisa no evento pela recepção do povo, eu só conhecia eles pela internet e chegando lá eles esclareceram as minhas dúvidas e acaba que você aprende muito. Você vê aqui que o pessoal tá confraternizando, tomando banho e piscina, bebendo, mas se você chegar lá tão todos falando de falcoaria, e é esse clima que nós temos na ANF.

Falando do Falcoaria Online as vezes as pessoas tinham receio de postar coisas lá porque tinham algumas pessoas que acessavam e eram meio ríspidas ao responder e a gente tenta evitar isso. As vezes é difícil responder novatos? Sim, porque as vezes você passa anos estudando uma coisa e chega uma pessoa que não sabe aquilo por preguiça e acaba que o pessoal é ríspido mesmo, mas a gente tem que pensar no bem da falcoaria e não no ego individual. Na ANF todo mundo tem temperamento forte mas no final da discussão a gente anulava a opinião própria e pensava no objetivo maior, no evento como um todo, e com todos se ajudando nós conseguimos fazer este evento.

Qual a importância das palestras em eventos de falcoaria?
É muito importante para a divulgação, para a interação com os mais antigos e é importante que o  povo veja que o grupo de falcoeiros não é simplesmente pessoas que querem ir pro campo caçar, e sim pessoas que tem um objetivo, que querem crescer no seu conhecimento e na técnica, e querem também contribuir para a ciência, e isso é muito importante para a sociedade ver. Porque a sociedade tem uma imagem quando você fala de caça que é uma imagem ruim de quem vai depredar o meio ambiente, mas ninguém fala dos pontos positivos da caça, e isso a gente tem que fazer, mas temos que fazer com embasamento teórico. Por isso temos que diversificar o tipo de palestras, este ano tivemos de nutrição e identificação de aves de rapina, relato de caso de ave diferente e uma de treinamento propriamente dito. E eu acho que é este o caminho, a gente cada vez mais evoluir no campo e na nossa teoria pra quando a gente for discutir ter embasamento teórico.

O que vocês planejam para o próximo encontro?
O próximo provavelmente será em Pernambuco e já temos algumas ideias, e uma delas é escrever trabalhos dos associados como resumos simples e exposição de banner, para deixar o evento mais cientifico. E também fazer um tipo de workshop totalmente prático para que as pessoas possam aprender a confeccionar materiais como capuz, trocar material, etc.

Qual a importância das associações fazerem os seus encontros?
É muito importante que as associações tenham seus eventos porque acrescenta muito tanto aos falcoeiros já associados por você forçar as pessoas a estudar trazendo palestras diferentes, como também é um atrativo para novos integrantes, a gente tem que criar uma cultura de falcoaria, se a gente criar uma cultura grande eles não vão poder abafar a gente.
Os dois pontos que a gente pode trabalhar na falcoaria é a reabilitação e o controle, mostrando que o trabalho da falcoaria é favorável para todos. Quando você trabalha com a reabilitação você tá auxiliando o meio ambiente e quando você tá trabalhando com controle você está salvando vidas indiretamente, quer seja tirando um animal que poderia colidir com um avião ou tirando animais que poderiam estar transmitindo doenças então você está favorecendo indiretamente a vida do ser humano, e é importante tocar nestes pontos para que o público veja a importância da falcoaria e também os aspectos positivos da caça.

Rayssa Rachel - Responsável pelo marketing do III ENF


Como foi para você organizar o ENF?
Antes de tudo um desafio porque eu não tinha organizado um evento do porte que o ENF se tornou este ano, e também é uma imensa satisfação, porque é um evento que reúne pessoas de locais distintos, de culturas diferentes por um único objetivo e por isso é muito gratificante e uma experiência muito rica para o meu currículo mesmo como estudante e profissional.

E como você vê a importância desse evento para a falcoaria brasileira?

A falcoaria aqui no Brasil está perdendo o titulo de elite, não da questão elitizada, mas da questão esnobe, ela está se tornando realmente a essência, ela está voltando a ser essência. Reunir as pessoas, as técnicas, inovações, em um evento do ENF que envolve pessoas não só do nordeste, mas também de outros lugares, é um momento de enriquecimento, com relação a conteúdo, a teoria. A contribuição para a falcoaria é que eventos como esse tornam os falcoeiros cada vez mais bem formados, falcoeiros que sabem o que estão fazendo, não estão só ali chamando a ave no punho, como se diz. Então é um enriquecimento mesmo de uma experiência real da falcoaria.

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